Três PMs envolvidos em mortes de jovens e agressões no velório de vítima são afastados no interior de SP
31/10/2024
Casos ocorreram nos dias 17 e 18 de outubro, em Bauru (SP). Outro policial que também participou da ação já havia sido afastado anteriormente. Policiais usaram cassetetes para conter as pessoas que estavam no velório em Bauru
Arquivo pessoal
A Polícia Militar afastou outros três policiais investigados pelo envolvimento nas mortes de dois jovens e pela agressão a pessoas durante o velório de uma das vítimas em Bauru (SP). Outro policial que também participou da ação já havia sido afastado anteriormente, em 22 de outubro.
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As mortes a tiros ocorreram no dia 17 de outubro, durante uma intervenção policial no Jardim Vitória. Após o tiroteio, moradores fizeram uma manifestação, queimando pneus em uma das ruas do bairro.
Os dois jovens, de 18 e 21 anos, morreram no local. Eles foram atingidos por tiros na cabeça, tórax, abdômen e joelho. Ambos foram encontrados com pistolas de numeração raspada e uma mochila contendo porções de droga.
Mãe e irmão de jovem morto durante ação policial são agredidos por PMs durante velório
Em seguida, no dia 18 de outubro, houve uma confusão durante uma intervenção policial em uma sala do Cemitério Cristo Rei, onde familiares e amigos se despediam de um dos jovens morto.
De acordo com imagens gravadas no local, três pessoas, incluindo a mãe do jovem falecido, foram agredidas pelos policiais, que entraram no velório em busca do irmão do morto.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) informou que um Inquérito Policial Militar foi instaurado e segue em andamento para esclarecer as circunstâncias de ambas as ocorrências e determinar outras medidas cabíveis a serem tomadas.
Ouvidor repudia ação
13º Baep de Bauru
Baep/Divulgação
Em visita a Bauru, o ouvidor da Polícia Militar do estado de São Paulo ouviu as famílias dos jovens mortos e repudiou a ação dos policiais. Ele analisou a conduta do Batalhão de Ações Especiais da Polícia (Baep) na periferia da cidade:
"A nossa percepção do diálogo com os familiares e com a polícia é de que tem um caos instalado nas periferias de Bauru e esse caos está sendo gestado e promovido pelos policiais do Batalhão de Ações Especiais e a Polícia (Baep), e isso é incabível. O papel principal da polícia é proteger as pessoas. Não pode ser quem promove a desordem e quem deixa as pessoas em pânico; deveria ser o contrário", disse em entrevista à TV TEM.
Onze pessoas já morreram em Bauru apenas em 2024 em decorrência de intervenções policiais. Todas eram homens, sendo nove deles pretos ou pardos.
Este é o maior número desde o início das divulgações pela Secretaria de Segurança Pública (SSP), que começaram em 2013. Em 2023, o número de mortes ao longo do ano foi de oito pessoas.
Menino ferido com granada
Um acidente na tarde do dia 20 de outubro foi registrado como desdobramento do caso. Uma granada de efeito moral explodiu na mão de um jovem de 13 anos dentro de sua residência, em Bauru.
Adolescente fica ferido após granada explodir em sua mão em Bauru
Arquivo pessoal
Segundo familiares, o jovem encontrou o artefato na Avenida Castello Branco, onde, no dia 18, moradores faziam protestos contra as mortes dos dois jovens e a polícia interveio com bombas de efeito moral.
Sobre o caso, o ouvidor disse que teve conhecimento apenas durante as reuniões.
"Nós tomamos conhecimento desse fato hoje. Também dialogamos com o comandante sobre isso, e ele alegou que tratava-se de um artefato que foi dispensado pela equipe para desfazer o protesto ou a aglomeração, e que provavelmente houve um erro, uma falha do artefato, que ficou jogado lá e ocasionou esse fato lamentável. Isso também está sendo objeto de inquérito da Polícia Militar", finalizou Cláudio.
Granada teria sido deixada no local durante protesto em Bauru
Arquivo pessoal
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